Oposição e Situação pedem CEIs ´diferentes´ em sessão histórica (e ridÃcula)
A população de Ilhéus, que utiliza o sistema público de transporte, está, agora, no meio de uma grande batalha (se é que é assim que a celeuma pode ser chamada). A Câmara Municipal de Ilhéus aprovou ontem, durante sessão que durou sete horas - começou às 16 e terminou por volta das 23 - a instalação de duas - isso mesmo, duas - Comissões Especiais de Inquérito (CEIs), com o "mesmo objetivo": apurar as empresas de ônibus que detêm concessão no município. Uma CEI, com 12 vereadores, é provocada pela base de sustentação ao governo do prefeito Jabes Ribeiro. A outra, com sete vereadores, é da oposição.
"A diferença - assegura o vereador Alisson Mendona (PT) - é que a nossa (oposição) é um pedido feito pelo Movimento Reúne Ilhéus, que está há mais de 40 dias acampado na porta da Prefeitura querendo que o governo municipal abra a caixa preta para investigar o sistema. E a deles - completa o oposicionista - é para atender a vontade do chefe", ironiza. Ontem à noite a Câmara de Ilhéus foi palco de "quase tudo" e de manobras, digamos, para lá de antiquadas, já conhecidas há mais de 30 anos por quem acompanha o cenário político local.
A primeira "surpresa" ficou por conta da "invasão" promovida por funcionários contratados pela Secretaria de Assistência Social. Um grupo, logo cedo, lotou o plenário da Câmara. A situação alegou que o grupo foi assistir a sessão. Mas para a oposição, a manobra patrocinada pelo governo, teve o objetivo de impedir que os integrantes do Movimento Reúne Ilhéus e dos servidores públicos que estão em greve, pudessem ocupar a galeria do Legislativo. A polícia foi acionada. Além de proibir novos acessos de cidadãos comuns, ainda não permitiu o acesso da Imprensa, atendendo, segundo o comando, ordens da mesa diretora. Muitos profissionais tiveram que cobrir a sessão nos gabinetes de vereadores.
A sessão ainda teve bate-boca entre vereadores, com assuntos que pouco interessavam ao público presente. Durante todo o tempo, o presidente Josevaldo Machado ameaçava terminar a sessão, caso o público presente não se comportasse. Nos discursos dos vereadores, o sentimento que o mandato deles, "tem apenas compromisso na primeira pessoa". "Não vão me pressionar. Não admito isso. Aqui eu voto de acordo com a minha consciência", bradavam, como se, na verdade, o mandato fosse "um emprego conquistado por sua própria graça".
De acordo com o bloco de oposição, ainda há a possibilidade de unir a CEI da situação com a da oposição. "A busca deve ser pela apuração de possiveis irregularidades do sistema. E não a quem interessa ou não a abertura desta caixa-preta", disse, hoje cedo, por telefone, o vereador Alisson Mendonça. Além destas duas CEIs gêmeas, a Câmara também recebeu, ontem, o pedido de uma outra CEI: a de que acusa o prefeito Jabes Ribeiro de descumprir a Constitutição Federal ao não conceder o reajuste inflacionário aos servidores públicos. Pedida pelos sindicatos de trabalhadores, a CEI quer que a Câmara decrete a vacância do cargo de prefeito, conforme determina a Lei, afastando Jabes Ribeiro do cargo.
Os três pedidos de CEIs foram encaminhados para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, onde serão analisadas pelos seus três membros. Ontem mesmo, o Ministério Público Estadual foi acionado pelo vereador Cosme Araújo para apurar o uso de servidores contratados em proveito do governo. Fotos e vídeos do plenário da Câmara serão utilizados para mostrar que, em um horário de trabalho, servidores contratados foram, de forma manipulada, enviados à Câmara para acompanhar os debates, treinados para vaiar a oposição e aplaudir a base de sustentação do governo.